Cinquenta
mil mortos, 30 mil desaparecidos e 400 mil presos. Esses são números estimados
provocados pela Operação Condor, uma aliança político-militar entre os governos
autoritários do Brasil, da Argentina, do Chile, da Bolívia, do Paraguai e do
Uruguai que atuou durante a ditadura militar nesses países latino-americanos.
Agora,
a Operação Condor será investigada no Brasil. A Comissão Nacional da Verdade
baixou resolução, publicada no Diário Oficial da União do último dia 25,
criando um grupo de trabalho para apurar as atividades iniciadas em 1975, em
plena ditadura militar. Pelo que foi apurado até o momento, com dados dos
atuais governos dos países envolvidos, calcula-se que, apenas nos anos 1970, o
número de mortos e "desaparecidos" políticos tenha chegado a
aproximadamente 290 no Uruguai, 360 no Brasil, 2 mil no Paraguai, 3,1 mil no
Chile e 30 mil na Argentina - a ditadura latino-americana que mais vítimas
deixou em seu caminho.
Para a deputada Érika
Kokay (PT-DF), integrante da Comissão Parlamentar Memória, Verdade
e Justiça e da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a intenção de aprofundar
as investigações sobre a Operação Condor é fundamental para dimensionar o que
ocorreu durante os anos de exceção no Brasil. "Não teremos condições de
compreender a ditadura brasileira se não desnudarmos a Operação Condor, em que
as fronteiras foram alargadas não para promover o desenvolvimento do País, mas
para permitir que assassinatos fossem praticados de forma completamente
livre", argumentou a petista.
O grupo de trabalho será presidido pela
advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que faz parte da Comissão Nacional da
Verdade. A determinação é esclarecer os fatos, as circunstâncias e os autores
dos casos de graves violações, torturas, muitos desaparecimentos forçados e
ocultação de cadáveres durante a Operação Condor. Não há fixação de prazos nem
períodos para a conclusão dos trabalhos. Para integrantes da Comissão Nacional
da Verdade, o grupo de trabalho poderá apurar alguns episódios polêmicos da
história nacional, como as mortes dos ex-presidentes João Goulart e Juscelino
Kubitschek, ambos em 1976, durante a vigência da Operação Condor. Goulart
governou o Brasil de 1961 até ser deposto pelo golpe militar de 1964. Ele
morreu em dezembro de 1976, na Argentina, oficialmente de ataque cardíaco. No
caso de Kubitschek, a comissão recebeu da Ordem dos Advogados do Brasil seccional
Minas Gerais (OAB-MG) um relatório contestando a versão sobre a morte dele em
consequência de um acidente de carro.
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